A AVENIDA BRAZ LEME

Um lugar aprazível para se viver e curtir.

Como tudo começou

Tudo começou com uma inquietação. Caminhávamos pela Braz Leme, meu marido e eu, e nos desagradava muito quando víamos sujeira espalhada por toda parte: fezes de cachorro, lixeiras cheias, canteiros sujos, toda sorte de imundície. Verdadeiro retrato de descaso e abandono. Para completar, no meio da Braz Leme havia um canteiro de frente para o Habib’s, onde uma mesa de alvenaria, destinada ao lazer, também virava foco de bagunça. As pessoas comiam ali e deixavam tudo sujo.

Outra coisa que incomoda muito são as bitucas de cigarro por toda a Avenida, bem como o fato de vasos de plantas nas calçadas virarem cinzeiros. Não basta estarem “a serviço” dos pedestres, também servindo aos motoristas de carros de passeio, táxis, ônibus, etc.: muitos jogam suas bitucas pelas janelas de seus veículos, sem o menor constrangimento. 

Diante de tudo isso, resolvemos organizar um grupo para limpar quinzenalmente a Avenida. No início, éramos cerca de doze pessoas, todas animadas. Algum tempo depois, restamos Sônia, Germano, João e eu.

Resolvemos também colorir um pouco os canteiros da Avenida com arbustos floridos e orquídeas nas árvores. Para isso, convidamos os funcionários do Mac Donald’s a participarem, plantando conosco alguns pés de Manacá, pequena árvore que floresce no inverno. A pronta aceitação deles nos trouxe muita alegria, e fez com que se sentissem partes do bairro. Foi um momento de celebração.

Também tivemos muita ajuda da Banca de Frutas do Paulão e suas filhas, Amanda e Andressa. Eles nos auxiliaram a molhar e cuidar diariamente dos Manacás.

Eu abordava muitas pessoas que andavam na Braz Leme. Muitas adoravam a ideia de ajudar e faziam isso por alguns dias, mas sem continuidade. Outros vinham com plantas e orquídeas; até um poeta apareceu, Sr. Amaral, nos presenteando com suas poesias. Silvia nos alegrou com três Mulungus, árvores nativas que os pássaros amam pelo néctar curativo de suas flores; Carmem Luci também se contagiou e nos deu orquídea, ora pro nobis, entre outras plantas. Mário chegou com grama preta, que plantou feito criança; o Sr. Francisco trouxe vários espécimes, e mais pessoas vinham para ajudar. Ganhamos da Júlia dois lindos Jasmins Manga, que ela ajudou a plantar no dia em que comemorávamos a semana da primavera. Foi dia de muito trabalho, pois o Posto Shell nos ajudou na compra de 540 mudas de Lantana. E não faltou magia, graças ao trabalho de origami, com Keila à frente e crianças do bairro.

Nosso trabalho despertou interesse do vereador Police Neto. Certo dia abordei a Vivian na Avenida, sem saber que era esposa de um de seus assessores. Assim, Wilson Padula foi designado pelo vereador para nos ajudar. Pessoa muito prestativa, sempre que precisávamos nos atendia prontamente. Atuou conosco com relação à limpeza; conseguiu adequação de algumas calçadas, como a do Amor aos Pedaços, e a do lado da loja de lanches naturais; adequação de calçadas na Rua Dr. César; auxílio na instalação de um ponto de água em frente à Banca de Frutas do Paulão; corte da grama.

O vereador Police Neto também recebeu, em seu gabinete, o Sr. Marcos Poiato, que esteve em minha casa para falar de seu projeto, que transforma a bituca de cigarro em massa celulósica, retirando toda a toxicidade e usando-a como matéria-prima de 

papel reciclado. Ele viaja o mundo com o esse projeto de   reciclagem. Por conta disso, o vereador Police Neto lhe pediu para que fizesse um projeto para a Braz Leme, o que está sendo muito aguardado. O vereador também nos presenteou com dois canteiros de Clorofitos e solicitou a manutenção dos aparelhos de ginástica para pessoas de terceira idade, pois estavam em péssimas condições. Também com seu auxílio, conseguimos uma reunião com o secretário do meio ambiente, que apoiou a abertura do Viveiro de Plantas da Casa Verde: após reforma, o viveiro será aberto ao público. Convidei Salvador para o projeto do Viveiro Casa Verde. Responsável pelo projeto Verdejando, conheci-o por acaso na Braz Leme. É pessoa muito ativa e conhece muito sobre árvores nativas, tendo feito cursos fora do Brasil sobre arborização. Nesse viveiro serão cultivadas apenas árvores nativas para a região.

Logo que iniciei o plantio, resolvi fazer cursos de jardinagem no Manequinho e, num desses cursos, conheci Olivia Uliano, que está desenvolvendo um estudo sobre jardins terapêuticos. Pensamos em fazer desses jardins no viveiro, para atender a portadores de Alzheimer. 

Em julho do ano passado, conheci o João Pazine. A artista plástica e fotógrafa, Vera Rezende, foi meu canal até ele: caminhava pela Braz Leme, quando a abordei para se juntar a nós. Trouxe consigo o João. Ele, por sua vez, tinha contato com o dono do Supermercado Andorinha, de onde veio uma ajuda para pagar um jardineiro. Isso foi muito importante para o plantio do sem número de Moreias que trouxe de seu sítio. 

Como não demos conta do trabalho, fomos em busca de dinheiro para pagar novas diárias do jardineiro. Não podíamos ficar pedindo isso ao Andorinha. Sem sucesso junto ao comércio, acabei batendo na porta de alguns condomínios. Felizmente, foi onde obtivemos o valor de mais duas diárias. Ajudaram-nos com isso os síndicos do Camboriú, Sr. Juarez, e do Saint Germain, Sr. Antoin, que fizeram coletas junto aos moradores. Cheguei a conversar com o Juarez a respeito de montar uma Ong para adotar uma parte da Braz Leme, mas isso não progrediu. 

Passados alguns meses, tentamos organizar uma reunião com os síndicos dos prédios do entorno. Para minha surpresa, mesmo sendo dia chuvoso, compareceram seis. Surgiu, assim, a ideia de criarmos uma estrutura que congregasse, de forma perene, os esforços dos interessados em cuidar da Avenida. Um dos síndicos presentes, sendo advogado, voluntariou-se para nos ajudar a montar uma Associação. Surgiria, assim, a “Associação de Amigos da Braz Leme”, cujos estatutos foram registrados no dia 20 de setembro de 2019, deixando-a pronta para viver, sem desperdiçar um único dia, sua primeira primavera. 

Um dos primeiros frutos dessa união de esforços foi a implementação do Programa Vizinhança Solidária, aumentando a eficácia do trabalho de segurança no bairro. 

Juntos, nos comprometemos a ter um bairro mais humano, mais belo, seguro e acolhedor. Além de cuidarmos dos jardins, outros assuntos poderão ser abordados, como atividades culturais, gastronômicas, esportivas, filantrópicas, etc. Poderemos organizar eventos sociais e gerar maior integração entre as pessoas, sem falar na representatividade junto aos órgãos públicos, tendo por foco o interesse social.

Texto de: Maria do Carmo dos Santos Pinto

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